quinta-feira, 27 de maio de 2010

mis palabras...


Esse não já tão atravessado
soterrado no passado
Estancado sem perdão em minha mão
Que aperta forte essa vontade
Essa má sorte essa saudade
que conduz a solidão
Horas correm, transcorrendo os dias
Pelas vias que desviam
E deviam me ajudar ou resguardar
Mas o pensamento sempre volta
Desatento ao que me escolta
Ao que eu tento evitar
Ah! eu não sei se é vantagem
Com coragem de passagem
Te dizer que tens razão partir em vão
E te envolver na esperança
de esquecer essa lembrança
pra lembrar o coração.
Bruna Caram - Escolta
Foto: Poema XIV - Pablo Neruda.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

There is a light that never goes out

a cada dia que passa, as férias ficam cada vez mais longe.
e a cada dia que percebo isso, o dia insiste em não acabar!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Maio


Hoje quando ia para o campus, na minha caminhada de todos os dias, estava pensando sobre os significativos meses de maio que tive em minha vida, principalmente de três, quatro anos pra cá. E é impressionante como eles se mostram surpreendentes, seja pelo fim (de alguma coisa que durante um tempo estive totalmente entretida) ou pelo começo, forçado, depois do fim.

O fim, pra mim, hoje, só indica um novo começo. Sem lamentações!

Acho que talvez seja por isso que eu goste tanto de Grande Sertão: Veredas pelo significado da travessia, não importa como terminou ou começou, porque a gente aprende mesmo é quando estamos vivendo os acontecimentos entre o começo e o fim.

Maio já está quase no fim e ele já está me indicando um caminho de uma nova travessia, do meu jeito, com o meu começo...

quarta-feira, 19 de maio de 2010


Eu atravesso as coisas - e no meio da travessia não vejo! - só estava era entretido na ideia do lugares de saída e de chegada.
Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas)

sábado, 15 de maio de 2010

Elegia


"... E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor que me amaram, me feriram
sete vezes por dia em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio,
minha pena deserta, ao fim de março,
amor, quem contaria?
E já não sei se é jogo ou se é poesia."
Drummond - Trecho de "Elegia"

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Trecho de Nada na Língua é por acaso: ciência e senso comum na educação em língua materna. Artigo de Marcos Bagno na revista Presença Pedagógica em setembro de 2006.


"...em contraposição à noção de "erro", e à "tradição da queixa" derivada dela, a ciência lingüística oferece os conceitos de variação e mudança. Enquanto a Gramática Tradicional tenta definir a "língua" como uma entidade abstrata e homogênea, a Lingüística concebe a língua como uma realidade intrinsecamente heterogênea, variável, mutante, em estreito vínculo com a realidade social e com os usos que dela fazem os seus falantes. Uma sociedade extremamente dinâmica e multifacetada só pode apresentar uma língua igualmente dinâmica e multifacetada.

Ao contrário da Gramática Tradicional, que afirma que existe apenas uma forma certa de dizer as coisas, a Lingüística demonstra que todas as formas de expressão verbal têm organização gramatical, seguem regras e têm uma lógica lingüística perfeitamente demonstrável. Ou seja: nada na língua é por acaso.

Por exemplo: para os falantes urbanos escolarizados, pronúncias como broco, ingrês, chicrete, pranta etc. são feias, erradas e toscas. Essa avaliação se prende essencialmente ao fato dessas pronúncias caracterizarem falantes socialmente desprestigiados (analfabetos, pobres, moradores da zona rural etc.). No entanto, a transformação do L em R nos encontros consonantais ocorreu amplamente na história da língua portuguesa. Muitas palavras que hoje têm um R apresentavam um L na origem:

LATIM PORTG.
blandu- brando
clavu- cravo
duplu- dobro
flaccu- fraco
fluxu- frouxo
obligare obrigar
placere- prazer
plicare pregar
plumbu- prumo

Assim, o suposto "erro" é na verdade perfeitamente explicável: trata-se do prosseguimento de uma tendência muito antiga no português (e em outras línguas) que os falantes rurais ou não-escolarizados levam adiante. Esse fenômeno tem até um nome técnico na lingüística histórica: rotacismo.
Esse é só um mínimo exemplo de que tudo o que é chamado de "erro" tem uma explicação científica, tem uma razão de ser, que pode ser de ordem fonética, semântica, sintática, pragmática, discursiva, cognitiva etc. Falar em "erro" na língua, dentro do ambiente pedagógico, é negar o valor das teorias científicas e da busca de explicações racionais para os fenômenos que nos cercam..."

Assunto bem discutido nas aulas de Variação e Mudança Linguística, Grámatica I, Morfologia, Sintaxe. Leitura e Produção de Texto e até nas aulas de Literatura... rs.
Mas calma lá, sem extremos!

sábado, 8 de maio de 2010

amor mal-adaptado

Cansei dos nãos mal-ditos,
da sede de querer-te e não ter-te,
desse seu freio, seu medo, seu bloqueio,
Não quero mais meu corpo sacudido pelo soluço,
Eu só quero o nosso amor em descompasso.