O Amor Antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pode. Nada espera,
mas do destino vão nega a setença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito
e por estas suplanta a natureza.
Se eu toda parte do tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Andrade, Carlos Drummond de, Amar se aprende amando: poesia e convívio de humor. Rio de Janeiro: Record, 2000.
enxaqueca, Drummond, Tiê... Tá! Tá tudo super bem!
Há 8 anos
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